Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba Uncategorized 25 de Julho na Paraíba: Psicóloga e ativista negra Socorro Pimentel faz avaliação dos desafios e avanços na Paraíba

25 de Julho na Paraíba: Psicóloga e ativista negra Socorro Pimentel faz avaliação dos desafios e avanços na Paraíba


Hoje é 25 de julho, Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, Dia Internacional das Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas. A data nos convida à refletir e discutir sobre as violências contras às mulheres negras, e ações de combate ao racismo. Nessa perspectiva, entrevistamos a psicóloga Socorro Pimentel, para falarmos sobre os desafios, avanços e a contribuição dos Movimentos Feministas Negros na Paraíba, para o fortalecimento dessas lutas.

Maria do Socorro Pimentel da Silva é natural de Alagoa Grande-PB, e tem a vida pautada na luta antirracista. Graduada em Psicologia (UFPB/CCHLA), é mestra em Educação Popular(UFPB/CE) e doutora em Educação Brasileira (UFC/FACED) no Eixo Temático: Sociopoética, Cultura e Relações Étnico-Raciais, na Linha de Pesquisa dos Movimentos Sociais, Educação Popular e Escola.

Socorro também foi diretora da Associação dos Psicólogos da Paraíba (APPb), é ex-conselheira secretária e tesoureira do Conselho Regional de Psicologia (CRP-13), ex-diretora executiva da Federação Nacional dos Psicólogos- (FENAPSI), ex-diretora da Regional Nordeste da FENAPSI, ex-diretora do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (SINTEP/PB), ex-coordenadora geral da Cidadania LGBT e da Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de João Pessoa-PB. Também foi dirigente do Movimento Negro Organizado da Paraíba, onde fez parte da Bamidelê – Organização de Mulheres Negras na Paraíba e da Abayomi-Coletiva de Mulheres Negras.

Hoje, atua como psicóloga escolar/educacional da Rede Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de João Pessoa-PB, membro do Núcleo das Africanidades Cearenses (NACE) e da Marcha da Negritude Unificada da Paraíba, do Movimento de Mulheres Negras na Paraíba, da ANPSINEP – Núcleo da Paraíba, e é secretária estadual de combate ao racismo do PT/PB.

Acompanhe abaixo a entrevista na íntegra:

Abayomi: Qual a importância do Dia 25 de Julho para o ativismo antirracista?

Socorro: O Dia representa a luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas, desde 1992, quando essas mulheres se reuniram na República Dominicana. No Brasil a marco histórico aconteceu quando a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou em 2014 a Lei: 12.987, criando o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Sabemos que Tereza de Benguela foi uma importante líder quilombola que deu relevância política às lutas das mulheres no seu tempo; e a existência desse Dia é um marco que fortalece as lutas das mulheres negras no Brasil, pois foi uma data que passou a refletir as ações, trazendo o protagonismo das nossas próprias histórias, que por muito tempo foram negadas oficialmente.

Abayomi: Houve avanços na conquista por direitos dos Movimentos Feministas Negros na Paraíba? Quais?

Socorro: Tivemos sim alguns avanços e algumas conquistas nos Movimentos Feministas Negro no estado, sobretudo depois da 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, ocorrida em 2015, em Brasília, com a presença de mais de 50 mil mulheres de todo país e do mundo. Aqui na Paraíba, no retorno da Marcha, tivemos a criação da Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras, engajada aos Movimentos das Mulheres Negras.

Também nos fortalecemos em várias frentes de lutas, tanto em ONGs específicas de negritude feminista, como nas Universidades, Institutos Federais, na Educação Básica, nos Quilombos, nas Religiões de Matrizes Africanas, e na Saúde.

Abayomi: Quais desafios ainda precisam ser superados?

Socorro: Há necessidade de arranjos Institucionais, sobretudo a necessidade de organismos específicos do poder público para estarmos ancoradas e fazermos valer e acontecer nossas demandas. A iniciar pelo nosso autocuidado. Nós estamos inseridas em várias frentes de lutas e há uma desgaste de ordem física, emocional e patrimonial, e por isso precisamos pensar também nas políticas de autocuidado como prioritárias para continuarmos na luta.

Outro ponto que considero importante é o respeito à quem veio primeiro, por parte de quem chega depois nos Movimentos. É importante para quem chega reconhecer as dores, sacrifícios e isolamento de quem chegou antes, sem tentar atropelar a trajetória de quem já estava.

É um desafio também a ser superado é a formação política das lideranças e das bases dos Movimentos sociais feministas negros. Precisamos chegar às mulheres periféricas, até as jovens, as quilombos… Dar mais atenção às mulheres idosas negras, pois há uma certa condenação histórica de esquecimento dessas mulheres, e foram elas que deram parte da sua vida para que hoje os Movimentos tenham a extensão que têm.

Abayomi: Como a população pode contribuir para a luta antirracista?

Socorro: O grande debate que podemos travar passa pela necessidade de se ter políticas públicas, que na maioria das vezes não chegam até nós. Investimentos dessas políticas por quem está no comando das gestões dos poderes públicos: Legislativo e Executivo.

Pra que tenhamos o engajamento da população é preciso que essa população saiba quem somos, de onde viemos, quais são nossas referências, para que possam caminhar junto com a gente, pois sozinhos os Movimentos chegam até determinando ponto, mas com apoio do poder público e da sociedade civil organizada podemos chegar mais longe.

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